A menina que definiu a linha de pesquisa da doutora
+ a sua participação na Coletânea 'Conexões Inesperadas'
Você sabe o que é ser deixado (a) para trás? :(
Ou estar aquém das expectativas?
A menina que protagoniza esta história, conheceu o gosto amargo do fracasso bem cedo.
Aos seis anos de idade, a ‘avisaram’ que ela deveria aprender a ler e escrever. Então, uma enxurrada de vogais, consoantes, sílabas, palavras sufocou a menina.
Esperavam que ela entendesse prontamente como montar as sequências corretas para organizar pelo menos pequenas frases.
Mas, para desapontamento de todos, a pequena menina era ‘incapaz de compreender o funcionamento daquele emaranhado de letras”.
No meio do ano, todos os coleguinhas já sabiam ler e escrever e ela ia sendo deixada para trás…”pelo meio do caminho” :(
Após as férias do meio do ano, a mãe da menina resolveu procurar o diretor da escola para (quem sabe!) fazê-la retornar a série anterior e recomeçar o espinhoso caminho.
O padre muito exigente - temido por todos - não atendeu ao acanhado pedido da mãe da menina.
O padre não atendeu ao seu pedido, mas … fez algo surpreendente:
Ele proibiu que a torturassem com atividade escolares e sim, deixassem a menina brincar.
Sugeriu que a mãe comprasse um quadro negro e giz coloridos à vontade.
Vejam só: aquele austero frei queria que a menina brincasse de escolinha!
Sem mais tarefas complicadas…só brincar!
Assim, a menina que havia ficado para trás ganhou a sua primeira sala de aula e, de um dia para o outro, ela virou professora.
Foi mágico!
A mesa usada na escolinha improvisada parecia enorme para a pequena professorinha! Atrás das cadeiras verdes havia o nome de seus primeiros alunos - os mesmos colegas de escola, os irmãos e quem chegasse por ali.
Cheia de trejeitos “docentes”…
“Às vezes me irritava com os que não aprendiam a ler e a escrever e mandava-os de volta para o Jardim de Infância”
A menina professora reproduzia à tarde, o que a professora havia feito em classe pela manhã. Assim, recorda a pesquisadora da educação, hoje atuante e reconhecida no Brasil e lá fora.
Em dois meses, ela estava lendo e escrevendo tudo e seus alunos ficaram tão sabidos quanto ela.
A professora da manhã já não a chamava mais ao quadro, pois sabia que os “alunos” da menina professora a tinham ensinado a ler e a escrever.
Agora só as crianças que não tinham quadro negro para brincar eram chamadas pela professora Suzana.
Essa história é 100% baseada em fatos reais .
A menina chama-se Giovana Zen, doutora, pesquisadora e presidenta da Rede Latino Americana de Alfabetização - um ser precioso para a educação brasileira.
Ela não sabia que eu ia escrever sobre a sua história (retirei o relato da tese de doutorado dela).
Mas tenho certeza que não irei para o cantinho do pensar :)
É uma linda história e uma inspiração perfeita para a Coletânea Conexões Inesperadas: Estilos de Docência e Vivências de Infância.
A história de Giovana encarna tudo o que pensamos promover: a não naturalização do fracasso escolar, a importância do brincar, do tempo da criança e do respeito a sua individualidade e criatividade. E mais: as marcas das vivências de infância na prática docente e no ideário pedagógico.
Então, vamos lá! Agora é a sua vez de brilhar. Compartilhe o seu relato na coletânea mais esperada do ano!
O edital está prontinho no link abaixo. Mas tem poucas vagas! Corre e vamos juntos contar “o que pode dar certo”! Viva a educação brasileira.